Circulação como fomento da produção artística
Jane Schoninger
Coordenadora de Artes Cênicas e Visuais do Sesc/RS
jschoninger@sesc-rs.com.br
Acompanho a cena gaúcha por mais de duas décadas e consigo afirmar sobre a singularidade e pluralidade de produções artísticas produzidas nas mais diversas cidades do Estado. O interior gaúcho é um celeiro de profissionais talentosos, que, por vezes, não possuem acesso aos inúmeros espaços culturais que existem no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, sabemos que essas mesmas cidades têm um público sedento por cultura. Com a nossa atuação nessa área, é possível interferir nesse sistema que apresenta uma deficiência de opções, potencializar o fomento a artistas e obras artísticas através de importantes eventos realizados pela instituição.
Atingir esse propósito tem sido possível através das programações realizadas nos teatros do Sesc, em outros espaços parceiros e tantos outros projetos, como o Mais Leitura, a RecreArte, o Teatro a Mil, as Aldeias Sesc, dentre outros. De um lado, essas iniciativas atuam para incentivar a formação de plateias de todas as idades que apreciam e consomem diferentes manifestações artísticas. De outro, elas tornam-se oportunidade para que os artistas do teatro, dança, circo, música, artes visuais e literatura conquistem destaque diante de públicos diversos no Estado e fora dele.
Neste contato, estabelecemos pontes com profissionais que estão em busca de novas experiências e que apresentam produções que dialogam com cada comunidade da qual fazem parte e as diferentes localidades que os inserimos. Essas conexões são vistas em programações recentes como a atriz Odelta Simonetti e seu espetáculo “Circo da Rarley”, que será atração do festival Sesc Circo, em Camaquã, no mês de novembro. Ainda no mês de novembro, a Tribo de Atuadores “Oi nóis aqui traveiz”, – um dos mais antigos grupos do País, com atuação de 45 anos, irá apresentar o espetáculo O Amor Santo da Purificação, nas cidades de Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Lajeado, Carazinho e Passo Fundo. É dessa mesma forma que a premiada produção carioca, “Cuidado com Neguin”, de Kelson Succi, teve a possibilidade de passar por cidades como Porto Alegre, Montenegro, Ijuí, Santa Rosa, Camaquã e Alegrete, através do projeto Palco Giratório promovido pelo Sesc/RS. O esforço, afinal, está na potencialização do intercâmbio das artes em todo (e para todo) o País.
Fazer isso exige um olhar sensível e próximo das produções artísticas, artistas e público, o que, felizmente, é possível através das dezenas de Unidades do Sesc e, certamente dos muitos parceiros que o Sesc têm no Rio Grande do Sul. O estabelecimento e fortalecimento dessa rede é imprescindível para instigar e ampliar a participação de coletivos nos mais distintos projetos culturais. São décadas nessa construção que inspira e é constantemente inspirada por tantos talentos. Nesse caminho seguimos com o compromisso de identificar novos espaços, fortalecer os espaços existentes e criar os encontros possíveis entre os artistas e os públicos desse nosso Rio Grande do Sul.