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Sedac e Sesc assinam termo de cooperação para realização de exposição itinerante de Magliani

Por meio do IEAVi, conjunto de gravuras produzidas pela artista gaúcha irá circular por quatro cidades do Estado
Crédito: Solange Brum

A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Artes Visuais (IEAVi), e o Serviço Social do Comércio (Sesc/RS) assinaram, nesta terça-feira (10), um termo de cooperação para a realização da exposição itinerante Magliani – Obra Gráfica. O conjunto de gravuras produzidas pela artista gaúcha (1946/2012) irá circular por quatro cidades do Estado. A cerimônia de assinatura foi realizada nesta tarde, na sede do MACRS, na Casa de Cultura Mario Quintana.

A parceria tem o objetivo de promover o incentivo à produção e a circulação das artes visuais no RS. “O Sesc/RS é um grande parceiro da Sedac na difusão das artes em território gaúcho e estamos muito felizes diante da perspectiva de levar parte da magnífica obra de Maria Lídia Magliani a mais três municípios, além de Porto Alegre. Magliani é um expoente das nossas artes visuais, suas gravuras e pinturas reunidas nessa mostra têm forte impacto e refletem seu vigor criativo. Promover a circulação desse belíssimo acervo é parte da missão do IEAVi”, pontua a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.

Serão expostas 74 gravuras e pinturas produzidas ao longo de sua carreira. O projeto é uma iniciativa do Núcleo Magliani, centro de referência da obra da artista fundada por Júlio Castro, em 2013, que assina a curadoria da mostra. A itinerância desse conjunto, que reúne de maneira inédita no sul do país a obra em gravura de Magliani, começa pelo Museu Leopoldo Gotuzzo – MALG, em Pelotas, cidade natal da artista. A abertura está prevista para o dia 09 de novembro. Depois segue para o Museu de Arte de Santa Maria – MASM, para Caxias do Sul na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim e finaliza em junho de 2024, no Museu de Artes Contemporânea do RS – MACRS.

Silvio Bento,Gerente de Cultura do Sesc/RS, destaca que a ação marca a retomada de uma parceria para disseminação das artes visuais no interior do Estado. “Às vezes os espaços têm dificuldades para receber uma mostra com essa envergadura, então temos o objetivo de promover cultura e possibilitar o acesso a mais pessoas à obra de uma artista tão importante quanto foi Maria Lídia Magliani”, comemora Bento.

“Projetos de circulação com acervos de grande relevância, como o que está sendo disponibilizado nessa exposição, são fundamentais para promover e integrar as artes visuais no Rio Grande do Sul, levando ao público uma programação de qualidade”, observa a diretora do IEAVi, Adriana Boff .

Sobre a exposição

A exposição Magliani – obra gráfica apresenta um recorte da obra gráfica, que bebe do expressionismo que perpassa quase toda a obra da artista. “Sutilmente, influências vão se revelando, como a da literatura. Dostoiévski era seu autor favorito. Imaginemos o impacto exercido na leitora Magliani ao se deparar com as xilogravuras ricas em texturas com que o austríaco Axl Leskoschek (1889 – 1975) ilustrou a tradução brasileira das obras do autor russo. A maestria rende frutos duradouros”, comenta o curador Júlio Castro.

O Núcleo Magliani funciona no Estúdio Dezenove, no Rio de Janeiro, e tem apoio oficial da família de Magliani. Com a missão de preservar e difundir o acervo deixado pela artista, reúne pinturas, desenhos, gravuras, documentos pessoais e material de referência da obra, onde anteriormente foi seu atelier em parceria com Julio Castro.

Sobre a artista

A artista Maria Lídia Magliani  (1946 – 2012), nascida em Pelotas, formada pelo Instituto de Artes em Porto Alegre, foi a primeira aluna negra a se formar na escola de arte da UFRGS. Em 1966, ainda estudante, realizou sua primeira exposição individual na Galeria Espaço em Porto Alegre, tendo o professor Ado Malagoli como seu incentivador. Ao longo do tempo Magliani tornou-se uma figura emblemática de sua geração pois realizou várias exposições de sucesso nas décadas de 1970 e 1980.

Além de reconhecida como pintora, trabalhou intensamente no teatro. Sob direção de Ivo Bender participou como atriz da montagem de “Antígona”, de Sófocles, onde interpretou Tirésias, o adivinho cego. Como ilustradora trabalhou nas redações de imprensa em Porto Alegre, nos jornais Folha da Manhã e Zero Hora. Sua trajetória demonstra que a sua atuação no contexto artístico sempre foi múltipla, refletindo o talento que tinha em atuar em várias frentes, por vezes simultaneamente. Essa força da energia criadora contrastava com uma saúde frágil, fazendo com que partisse precocemente, aos 66 anos, em plena pulsão criativa.